Vidas centenárias.

Retirado de: http://www.jornaldamadeira.pt/

“Esta semana damos a conhecer dez anciãs da Beira Interior com cem ou mais anos de vida. Algumas delas fazem parte do lote das dez pessoas mais velhas do país. Caracterizá-las será tarefa difícil, no entanto as rugas escondem alegrias, vitórias e muita angústia. Com a idade, muitas destas anciãs já foram atraiçoadas pela memória, ao ponto de se esquecerem do nome dos seus filhos. No entanto, outras ainda pegam na enxada, semeiam as “miudezas” para casa, cantam, rezam, declamam poesia… A sua alegria em viver é contagiante, mas não poderei deixar de salientar, que todas elas têm algo em comum: “comeram o que o diabo amassou.” (...)”

“(...) Olívia de Jesus nasceu para os lados de Viseu mas há 23 anos, veio residir para o Ferro. Casou-se com 26 anos com o pretendente que escolheu. Dela nasceram cinco filhos.
Ainda é autónoma e trata da sua higiene diária. No lar, segundo a sua neta Cristina, ajuda as colegas do seu quarto, visto que se encontram acamadas. De personalidade rígida e firme, mesmo assim, não recusa em ajudar as suas colegas do lar. Nunca gostou de grandes alegrias, nem tão pouco de bailaricos, todavia no dia do seu aniversário, cantou muitas das músicas tradicionais portuguesas. Trabalhou numa família de oito irmãos. A vida para esta senhora foi madrasta, pelo que foi obrigada a enfrentar as agruras daquele tempo, num país rural, sem perspectivas, sem um raio de luz que lhe avivasse os sonhos. (...)”


“(...)Todas elas cortaram o gelo infinito de uma região esquecida no tempo, onde só a chuva chegava. Os relatos são impressionantes, mesmo assim, a memória destas centenárias serranas fizeram-nos arrepiar. Todas elas, ou quase todas, fizeram uma analepse no tempo, num tempo em que a verdadeira mulher tinha poder no parto, na cozinha. Na sociedade, eram apenas educadoras e donas de casa. Falaram-nos de Salazar, da Guerra Colonial, do racionamento do pão, da fome que passaram, das merujes que comeram, da falta de roupa, dos tamancos. São mulheres resistentes que estiveram nas fileiras da frente, travando algumas lutas pela sobrevivência. Chegaram a esta idade gloriosa, na certeza de que é uma recompensa pela generosidade desta vida.”
Pedro Silveira

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Comentários

danitri.® disse…
Agradeço a quem me enviou este artigo para o meu e-mail. :) Obrigado.

È daqueles artigos jornalísticos que devem ser lidos. E depois, menciona a centenária Dn. Olivia, residente no Lar Dn. Laura Monteiro Maricoto, da Vila do Ferro.
Anónimo disse…
GALERIA DOS CAMPEÕES DE PORTUGAL DE EQUIPAS

1979 - 1980 Nuno Mascarenhas; João Torres; Celso Mascarenhas; António Ferrão; Nuno Debonnaire; José Luís Simão

Não é centenário, mas vale a pena recordar. Em 1979-1980, Nuno Mascaranhas e Celso Mascaranhas, dois ilustres ferrenses, integraram a equipa que se sagrou como campeã, no Campeonato Nacional de Bridge. Anualmente, nesta modalidade, são apurados os campeões individuais, por pares e por equipas. Porque não, em vez do King, ou em complementaridade, dedicar-se um pouco mais de atenção ao Bridge? E a organização de um torneio de Bridge, não seria prestigiante? Os campeões ferrenses poderiam ser um chamariz para concorrentes externos. O Bridge, tem-se divulgado enormemente, com a organização de torneios na Internet.

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