Carta ao Ministro das Finanças.

Tive acesso a esta carta, que foi escrita por um cidadão ao nosso Ministro das Finanças.
É totalmente verídica, e tem muito a ver com o que se tem passado muito nestes ultimos tempos.

Se todos tivéssemos a atitude deste homem, que não conheço, quem sabe se o nosso Portugal não melhorava, e os nossos governantes pensassem mais no povo que governam e que os elegeram.

Muito bem feito Victor Cerqueira.


«Exmo. Senhor Ministro das Finanças :

Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste País, com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de Lisboa, contribuinte n.º152115870 vem por este meio junto de V.Ex.a para lhe fazer uma proposta:

A minha Esposa, Maria Amélia Pereira Gonçalves Sampaio Cerqueira, foi vítima de CANCRO DE MAMA em 2004, foi operada em 6 Janeiro com a extracção radical da mesma.

Por esta coisinha sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído de alguns benefícios fiscais.

Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA, que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos importância.

Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente, querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V. Ex.ª o seguinte:

a) a devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Ex.ª que, com os meus cumprimentos o dará à sua Esposa ou Filha.
b) Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua Esposa ou Filha ainda:
c) os seis (6) tratamentos de quimioterapia.
d) os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.
e) a angustia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.
f) os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).
g) ansiedade com que são acompanhados estes exames.
h) A angústia em que vivemos permanentemente.

Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo para o fazer.

Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo, a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.

Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V.Ex.a que darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República, agradecendofervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e outras.

Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.

Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.

Atentamente
19/Outubro/2007
Victor Lopes da Gama Cerqueira »

Texto retirado no blog de Casegas: http://casegas.blogspot.com/

Por vezes viver neste País é mesmo muito triste.

Comentários

Anónimo disse…
Este artigo, já sobejamente conhecido por circular por aí nos meandros da net, mostra bem o estado em que nos encontramos na área da saúde.
Ainda se fosse nó nesta...
Ai que isto está mau, está sim sr.
Anónimo disse…
Hoje, domingo dia 25 de novembro, Jogo de futsal entre MIÚDOS VS GRAÚDOS às 18h no Pavilhao do Ferro...Vem assistir a este grande jogo, cheio de boa disposição...

Não FALTES!!!

Abraço
Anónimo disse…
CONSTRUIR UM PAÍS
PRECISA-SE DE MATÉRIA-PRIMA PARA CONSTRUIR UM PAÍS
Eduardo Prado Coelho - in Público
A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito.
Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram o lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados…igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!


EDUARDO PRADO COELHO
Anónimo disse…
Por António Barreto


A MEIA DÚZIA DE LAVRADORES que comercializam directamente os seus
produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes
superfícies vai agora ser eliminada sumariamente. Os proprietários de
restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que
trabalham, preparam-se, depois da chegada da "fast food", para fechar
portas e mudar de vida. Os cozinheiros que faziam a domicílio pratos e
"petiscos", a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a
toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as
últimas orações. Todos os que cozinhavam em casa e forneciam
diariamente, aos cafés e restaurantes do bairro, sopas, doces,
compotas, rissóis e croquetes, podem sonhar com outros negócios. Os
artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão
ser liquidados.


A SOLUÇÃO FINAL vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os
inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste
velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem
não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem
não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de
produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a
toda a gente está condenado. Estes exércitos de liquidação são
poderosíssimos: têm Estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas
directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do
mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do
Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através do
pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas
certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel
da ração e pelos impérios do açúcar.


EM FRENTE À FACULDADE onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os
estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e
jogam às cartas ou ao dominó. Acabou! É proibido jogar!


Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas
de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro.
Tem de ser em copos de plástico.


Vender, nas praias ou nas romarias, bolas de Berlim ou pastéis de nata
que não sejam industriais e embalados? Proibido.


Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou
Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude
fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas,
queijos, compotas, pão e enchidos.


Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que
tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão
verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido.
Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido.


Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido.


Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre
é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas.


Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e
azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido.


Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça?
Acabou. É proibido.


Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias
de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado?
Proibido.


Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é
proibido. Só industriais.


É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas
especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos.


Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos
pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há trinta anos?
Proibido.


AS REGRAS, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao
encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas
não chegam para as descrever.


Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem
de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto.


Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género.


Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode
cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas.


No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta
"produto não válido", mesmo que esteja vazia.


Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma
sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora
dessa operação.


Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou
açorda.


Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido.


Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de
plástico, papel ou tecido.


Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido.
As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com
célula fotoeléctrica.


As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes
por dia e devidamente registadas.


As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três
vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo
funcionário certificado.


Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos?
Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço.


Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde
que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das
mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a
data e a hora do corte.


O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e
leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de
leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados.


TUDO ISTO, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa
saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para
estarmos na linha da frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as
brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas.
Para nosso bem, pois claro.


«Retrato da Semana» - «Público» de 25 de Novembro de 2007

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Fim…