CARNAVAL

Após o referendo, entra-se na época do Carnaval.
Era, na nossa terra um periodo bem engraçado, a que chamavámos o entrudo.
Quem, não se lembra das figuras típicas que nesse dia se mascarava, e "corria o entrudo"?
Aqui fica lançado este post, (bem queria botar cá uma imagem, mas ... tá quieto!!)para quem quiser recordar essas figuras que estão ainda na nossa memória, e das "passagens" que aconteciam por cá.
Para mais tarde recordar.

Comentários

Anónimo disse…
Tó, já te apercebes-te que os teus post, são todos da "saudade"? Isso é o quê?
Anónimo disse…
Aqui para o meu amigo Elias: ainda te lembras do João Melindro e da mulher, a Patrocinia, que no dia de Entrudo trocavam de roupa? E do Silvino?
Tó Elias disse…
Sim, e porque não da "saudade"???
Saudade dos tempos que já passaram...
Saudade de todas essas tradiçoes que tinhamos na nossa terra, e que acabaram, infelizmente...
Enfim.... a velhice a dar de si...
Não sendo adepto daquela máxima: ó tempo volta pra trás... claro que tenho saudades...
Evidentemente que me lembro dessas figuras relatadas no 2º comentário pelo nosso amigo anónimo (L.M.)-
Pena, não darem a cara, mas que fazer?-
Só não me referi a eles (e a tantos outros), para incutir no pessoal o gosto pelo realato de outros factos e figuras típicas.
Lancei este post, para ver se este blog se mantem, ou se será como tudo o que tem acontecido na terra, que morre ao nascer..
Inté.
anónimo disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
anónimo disse…
Hello minha gente.


Bem, já algum tempo que andava com vontade de colocar uns “gatafunhos” neste post arranjado pelo amigo Tó. Isto porque na verdade (e não sendo velho. Acho eu!) também tenho saudade de muitas festas e tradições tão nossas que, vá-se lá saber porquê ou por quem (que até se sabe), nunca mais se realizaram, ou prometem definhar se não definharam já.
E como isto hoje até vai ser longo vou citar exemplos bem concretos. Comecemos pelo início do calendário cristão – atenção que isto não vai ser nenhuma homilia!
O madeiro (ou os madeiros, é como preferirem), lá se vão mantendo apesar de a chama humana que os animava com cantos, pauladas na fogueira e santas bebedeiras, já não reunirem as pessoas para uma celebração que as aproxima, e nos faz sentir mais ferrenses que nunca. Hoje em dia, vêem-se pessoas individuais, cada uma encolhida no seu “parece mal, parece bem”, algumas dão razão a estas últimas e outras, por terem adoptado o Ferro como sua terra, não sentem estas raízes tão ancestrais e pelos jeitos, nunca as sentiram dado o estado do ambiente, que não aglutina ninguém. Para ser franco quando vem essa noite, sinto uma saudade imensa daqueles, dos verdadeiros, que tão bem conhecíamos, apreciávamos e que no fundo, eram uma verdadeira amostra da nossa mais real autenticidade. Passo a citar dois nomes, e a eles deixo mais uma vez neste blog a minha solene homenagem: “Zé Ipotes e Eduardo de S. João”. Como estes já restam poucos, e os novos não tem envergadura para lhe chegar aos calcanhares (eu inclusive). Ainda este natal, o “Ti João Fonseca” me dizia com uma expressão tão pura, que só um tolo poderia pensar que o homem estava menos bem: Ò Henrique isto não pode acabar. Dependendo de mim e de muitos outros, não acabará mas a chama humana que une as pessoas… Onde andará?
Entretanto o Carnaval, não o Entrudo para ser mais coerente com o discurso. Este ano que tristeza, nem um reles bailarico para animar a malta, que terra tão triste é o Ferro. Será?... Ou agora o Carnaval parece mal! Na realidade nas últimas festas que vi no Ferro, o pessoal tem vergonha, parece tudo tão mal que se encolhe em bater palmas ou em se chegar à frente. Que meninos encolhidos da aldeia!
Antigamente eram bailaricos até de manhã na Casa do Povo, o pessoal trajava-se, havia concurso de máscaras (quase sempre ganhos pela Catarina Fonseca), as famílias vinham para a rua, os “Lagartos” marido e mulher, apanhavam as suas e, ainda restava tempo para aturar a bebedeira do “Jony” (um empregado do amigo Maurício) que se fartava de lançar foguetes e “só ca boca, só ca boca” e um tubo de rega, fazia mais alarido que uma fanfarra!
Agora… Nada, népias…
A associação que me perdoe (Casa do Povo), mas parece mais interessada em futebol e “futebois”, do que em cultura e entretenimento para as pessoas. Assim não é de admirar que não existam muitos sócios, quem não ligue muito a desporto (que também é cultura mas não toda) está tramado pois para eles não há nada. Ah! Pelo meio, as portas travessas ainda me dizem que agora o salão, é só para actos solenes que é para não estragar. O desgraçado se antes tinha muito uso, agora há-de apodrecer por desuso.
Vem a Páscoa. O sino agora passa mais tempo calado do que a badalar. È que parece que os paizinhos, antes preferem os meninos de volta do pc, a ganhar dioptrias para os olhos, que na rua a tocar no sino e a porem-se finos para a rabatina. Não sei se o prior ainda faz as visitas porta a porta, coitado a idade já lhe deve pesar, no entanto espero que aquelas endiabradas rabatinas, a roupa nova ficar em trapos e a consequente sova da mãe, nunca terminem.
Mas no meio de tanta desgraça e saudade há uma, que a sério, só me apetece dizer (e eles que oiçam ou leiam): Que catequistas da tanga!
Ainda estou para perceber porque é que acabou o arroz doce a seguir á primeira comunhão. Eu bem sei que hoje em dia todos vivem bem, e não precisam deste pequeno acto – chamemos – de contrição, para terem algo de mais elaborado na sua festa. Mas era um momento em que toda a gente confraternizava, novos e velhos, ricos e pobres e de certa maneira, fortalecia os laços que nos unia enquanto fregueses desta freguesia. A “menina Lurdes” e outras dignas senhoras (com todas as particularidades ou acções que lhe conhecemos), era incasáveis na doutrina e na preparação do repasto. Tudo estava pronto (toda a gente oferecia arroz, açúcar, leite e pão) e ainda havia uma festa no Coração de Maria para toda a freguesia, onde todos estavam ensaiados ao rigor. À segunda, ia o pessoal da escola a “marfar” o resto das sandes e do leite.
Hoje, tiraram as senhoras do poleiro, para por esse dito sangue novo. Porém fica a impressão que essa gentinha, esse sangue novo, pouco tem de puro... no sangue!
Em seguida ainda se pode apontar o S. João que, se mantém algum bairrismo, é á custa dos que têm esse brioso nome (eu inclusive). Espero que se mantenha e se cumpra embora, me pareça, que quando havia comida e bebida á borla o pessoal aderi-se mais.
Bem é isto que tenho para dizer em relação ás saudades das tradições do nosso burgo, como antes afirmei e afirmo, o Ferro está mais descaracterizado hoje que á 15 ou 20 anos atrás mas, acima de tudo, para que tudo volte ao que era dantes e que juntos possamos construir outras tradições que nos caracterizem, será preciso tolerarmo-nos efectivamente uns aos outros, independente do que se diz, fala, pensa ou escreve. Como diz o Zeca, se partilhar-mos um pouco das nossas angústias, com os da terra (e não só), talvez fosse melhor esta vida, e não esta vidinha!

Posto isto abraço ou beijinhos para toda a gente.
Anónimo disse…
QUE GANDA PALESTRA DÁSNEIRAS, ESCREVE ESSE FULANO ENRIQUES(POBRE) DA CABEÇA.TRISTINHO
Anónimo disse…
Como diz a Ana Bustoff ( pobresita ).
Tó Elias disse…
Ao ler o comentário do amigalhaço Henrique, vejo que o rapazão (ainda que muito novito), tem boas recordações das festas e tradições da nossa terra.
Constatei, que infelizmente o Carnaval já não é o que era por aí.
Realmente, nem um bailarico?
Era nestas alturas que toda a gente ansiava, para fazer o gosto ao pé.
E se havia por aí bons dançarinos...

"Ainda estou para perceber porque é que acabou o arroz doce a seguir á primeira comunhão"

Arroz doce de pois da comunhão???
Isso afinal era um luxo!
Eu ainda sou do tempo... (Onde é que eu já ouvi isto?) em que depois da Comunhão Solene, a rapaziada ia toda a correr para a cantina por baixo do Posto da GNR com a caneca na mão, beber o café com leite (em pó) e comer um pão com queijo, daquele de barra amarelo (parece que ainda me lembro do cheiro e começo a salivar...)
Toda a garota bem aperaltada, com as "jajas" novas, e os da comunhão, com as fitas ao pendurão no braço direito...
Quando esticavam o braço para o centro da mesa, para ir buscar alguma coisa, lá iam as fitas mergulhar na caneca de café com leite do vizinho...
Chegados a cas: Ai sujáste as fitas???? Toma!
Agora essa do arroz doce, já não é do meu tempo, nem sabia dessa "moda"
Modernices, eheheheh
Remeto este relato, para o 1º comentário deste post e que o L.M. me chamava a atenção de que os meus posts eram todas da "saudade"
Mais uma vez respondo: Saudades, sim... e porque não?????
Cá ficamos a aguardar mais lembranças destes tempos, para matar SAUDADES
Abraços a todos
Anónimo disse…
Boa note. Eu já não me considero novo, mas sinceramente que se recorde, ainda vá,(como deseja o tó elias) agora, que se deseje voltar ao tempo de antigamente como deseja o henrique, francamente... o tipo deve ter o cerebro afectado com entulho. o que é que querias? piolhos nas cabeças das crianças? fome e raquitismo? analfabetismo? trabalho infantil? pensármos que o Ferro era o centro do mundo? evolui, pá! agora até podes mandar os teus bitaites cada vez mais parvos, por uma coisa que se chama NET!!! daahhh! Ó tempo volta para tráz... se calhas a nascer depois de 11 de fevereiro, não sei se chegarias a nascer. Faz-te homemzinho pá!!!
Anónimo disse…
amigo T. Elias: o post que te chamava á atenção para o facto dos teus posts serem de saudade não foi escrito por quem tu pensas. O segundo, esse sim, foi escrito por essa dita cuja pessoa.
Um abraço.
Anónimo disse…
Bem quereria pedir desculpas, mas sendo assim, não o vou fazer.
É nisto que dá escrever no anonimato...
Tambem me pareceu que o 2º comentário não tinha sido feito por quem escreveu o primeiro...
Até pelo português escrito dá para ver...
Anónimo disse…
Dizem que o Homem aprendeu a ler e só, muito mais tarde, aprendeu a escrever. Começou por ler os astros, as pegadas dos animais e muitos outros sinais que a actividade exercida lhe foi ensinando. Com o tempo, inventou sinais representativos do som, a escrita. O homem, desde o nascimento até à morte, vai assimilando informação, está sempre em aprendizagem. Essa informação, depois de armazenada, permite-lhe agir.consciente ou inconscientemente.
De vez em quando, vem à memória um conjunto de informações assimiladas em tempos mais ou menos distantes a que se pode chamar lembrança, recordação, saudade ou outro nome. A memória colectiva de uma comunidade, a tradição, é constituída pela informação, armazenada pelas pessoas que constituem essa comunidade, relativa ao conjunto de factos, crenças, valores e costumes.

Estas palavras servem apenas de base ao que se segue.

A saudade que aqui foi escrita, a meu ver, não tem o sentido de alguém que vive no passado mais ou menos distante, não tem o sentido melancólico.ou nostálgico, não é um sentimento de tristeza ou pesar. Saudade é recordar algo que foi agradável e, como diz o ditado, recordar é viver.

Alguém trouxe o nome do João "Melindro" e, com ele, vieram recordações de infância. Lembro o "Melindro" velho, pai do João, que, habitualmente, colocava a boina ou o chapéu no chão e, com a força do vinho tinto, fazia o pino na Praça ou no Alto dos Madeiros. Lembro o João que percorria o Ferro, na função de latoeiro ambulante, procurando utensílios de cozinha para deitar o pingo de estanho nos buracos que o desgaste originava. Lembro o João que, por vezes, comprava uma carcaça de trigo na padaria do Alberto padeiro e, com ela entre a camisa e as costelas, ia depenicando e mastigando nas suas voltas. Lembro o João "Melindro" que, na sua ingenuidade e no seu amor pelo tinto, aceitou beber um quartilho de vinho por um penico de esmalte já consertado. Alguém o questionou se não se envergonhava de beber por um penico cheio de tarro e
ele esclareceu: "Oh, é de gente limpa!". A gente limpa era a D. Laura Maricoto que, para o "Melindro", tinha fezes asseadas.

Falou-se em tradição, mas a tradição nunca é o que era. A tradição de uns não é a tradição de outros. A tradição vai evoluindo. Vão-se perdendo certos usos e costumes e, simultaneamente, adquirindo outros de acordo com a época.
A pequenada de hoje terá uma tradição diferente da actual , felizmente que assim é.

Mas há tradições que acabam por se transformar em regras. Alguém falou na Páscoa, quando se referiu à tradição. A Páscoa é o exemplo de uma tradição que a Igreja fez regra. As chamadas festas móveis da Igreja estão relacionadas com a Lua. A Páscoa é no primeiro Domingo, a seguir à primeira Lua Cheia, depois da entrada da Primavera. Daí, a Lua Cheia coincidir sempre com a Semana Santa. Observe-se o Calendário, depois de determinada a Páscoa, inicia-se a contagem decrescente dos domingos, tomando o anterior à Páscoa, o de Ramos, como nº 1 e, ao chegar ao 6º domingo, descobre-se o Carnaval na Terça-feira que o antecede. Para determinar o Dia do Corpo de Deus, inicia-se a contagem crescente dos domingos, tomando o domingo seguinte à Páscoa como nº 1 e, ao chegar ao 8º domingo, encontra-se o Corpo de Deus na Quinta-feira seguinte.

Não lamentemos a tradição dos nossos tempos de criança, ela mudou e nós, uns mais que outros, contribuímos para isso.
O importante é a salvaguarda dos verdadeiros valores, deixemos as crenças (bruxas,.papões e outras) e os usos e costumes seguirem em frente.

(Dotejo)
Anónimo disse…
Sr. Dotejo , gostei muito do seu coment, enobrece e respeita os valores individuais de cada um.O que antes era , agora é outra coisa, as tradições já não são o mais eterno valor, temos de evoluir , mas o respeito e a saudade mais ou menos cristalina é de cada um.Obrigado e continue com as suas análises coerentes. ( Paulo Duarte )
Anónimo disse…
Tenho a agradecer este esclarecimento do Dotejo. sabia que as festas religiosas se determinavam a partir de um calendário lunar mas não sabia como eram as regras.É por ser assim que a Páscoa acontece num período de 28 dias, entre fins de Março e Abril.
Um sincero obrigado.
Dotejo disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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